“Mestre Finezas” in Aldeia Nova, de Manuel da Fonseca Agora entro, sento-me de perna cruzada, puxo um cigarro, e à pergunta de sempre respondo soprando o fumo: - Só a barba. Ora é de há pouco este meu à-vontade diante do Mestre Ilídio Finezas. Lembro-me...
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“Mestre Finezas” in Aldeia Nova, de Manuel da Fonseca Agora entro, sento-me de perna cruzada, puxo um cigarro, e à pergunta de sempre respondo soprando o fumo: - Só a barba. Ora é de há pouco este meu à-vontade diante do Mestre Ilídio Finezas. Lembro-me muito bem de como tudo se passava. Minha mãe tinha de fingir-se zangada. Eu saía de casa, rente à parede, sentindo que aquilo era pior que ir para a escola. Mestre Finezas puxava um banquinho para o meio da loja e enrolava-me numa enorme toalha. Só me ficava a cabeça de fora. Como o tempo corria devagar! A tesoura tinia e cortava junto das minhas orelhas. Eu não podia mexer-me, não podia bocejar sequer. "Está quieto, menino", repetia Mestre Finezas segurando- me a cabeça entre as pontas duras dos dedos: "Assim, quieto!" Os pedacitos de cabelo espalhados pelo pescoço, pela cara, faziam comichão e não me era permitido coçar. Por entre as madeixas caídas para os olhos via-lhe, no espelho, as pernas esguias, o carão severo de magro, o corpo
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