Os sapatinhos de Natal
Parte I
– Ui, que escuro está aqui dentro… – murmurou, baixinho, uma voz.
– O sol nunca entra no vestuário! – respondeu uma vozinha semelhante.
– O sol, ahhh, o sol… que falta me faz… – continuou a primeira voz, que
agora falava...
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Os sapatinhos de Natal
Parte I
– Ui, que escuro está aqui dentro… – murmurou, baixinho, uma voz.
– O sol nunca entra no vestuário! – respondeu uma vozinha semelhante.
– O sol, ahhh, o sol… que falta me faz… – continuou a primeira voz, que
agora falava como se, ao mesmo tempo, se espreguiçasse.
– E aqueles
longos passeios de Verão, à beira da praia, hummmmm… que
saudades…
*
Estava mesmo muito escuro ali dentro.
Tirando uma pequena fresta que a
fechadura desafinada provocava, deixando passar uma réstia de luz, a
escuridão era total dentro do vestuário.
Na parte mais alta, muito bem alinhadinhos, estavam os vestidos, as saias, as
calças, os fatos completos, as camisas, as blusas, os casacos, um sobretudo,
os cintos e os cachecóis.
Havia também um blusão escuro com forro de pele
branca, um gorro, e uma grande quantidade de fatos de banho pendurados
num cabide de madeira.
Mais em baixo, quase junto ao chão do armário, em duas prateleiras
sobrepostas, arrumavam-se as botas, os sapatos
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