Palavras no Mundo Costumava ir até ali todas as noites, pois era o lugar mais calmo naqueles dias desconcertantes e perturbadores. Sentava-me debaixo da ponte para me resguardar do frio naqueles dias agitados e escrevia como um danado. A escrita era o meu...
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Palavras no Mundo Costumava ir até ali todas as noites, pois era o lugar mais calmo naqueles dias desconcertantes e perturbadores. Sentava-me debaixo da ponte para me resguardar do frio naqueles dias agitados e escrevia como um danado. A escrita era o meu refúgio delicioso nestes dias de tortura psicológica. Há momentos nas nossas vidas que nunca se esquecem, por isso relembro tudo aquilo que passei, naqueles dois anos, com muito pouca saudade. Estava escuro, o vento fustigava as árvores, roubando-lhes os seus vestidos já gastos, e batia nas janelas, provocando ruídos ensurdecedores que desconcentravam até aqueles que lutavam contra tudo para um bom momento de escrita. Mas não era só a mãe natureza que agitava o meu espírito, uma vez que uns carregavam armas, outros preparavam bombas e outros desferiam tiros, contribuindo, assim, para um barulho infernal. Pontualmente, à mesma hora, passavam tanques enormes em direção à fronteira. Digamos que era raro o dia em que isto não acontecia, s
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