EDITORIAL
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as últimas décadas, temos presenciado a passagem de uma “ética do silêncio”, conforme
definiu a historiadora Hebe Mattos para designar a ausência do signo negro nos documentos oficiais e públicos, mas também no texto visual, para o
que a...
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EDITORIAL
N
as últimas décadas, temos presenciado a passagem de uma “ética do silêncio”, conforme
definiu a historiadora Hebe Mattos para designar a ausência do signo negro nos documentos oficiais e públicos, mas também no texto visual, para o
que a antropóloga Rita Laura Segato chamou de “eficácia comunicativa”, ou seja, a colocação deste signo
em discurso e nos “ambientes pelos quais transitamos”.
Esta “passagem” tem criado condições para o
reconhecimento do racismo pelo Estado e da permanência de práticas de exclusão na sociedade brasileira.
De outra parte, este reconhecimento abriu novas
preocupações e espaços de pesquisa no âmbito das
ciências sociais e humanas; tornou obrigatório o ensino de “História da África” em escolas públicas e
justificou a adoção de políticas de discriminação positiva, como a das cotas nos concursos públicos, que,
dentre outros efeitos, (re)introduziu o debate sobre
a questão racial na universidade, nos órgãos
decisórios e na mídia em geral
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